Agenda Econômica
$$$$$
Brasil - Sondagem
Industrial
|
|||||
08h00
|
Brasil – IPC-S (semanal)
|
||||
12h00
|
EUA - S&P/Case-Shiller
Home Price – Proj.: 0,5%
|
||||
12h30
|
Brasil - Fluxo Cambial
|
||||
13h00
|
EUA – Richmond Fed
Index – Proj.: 6 pontos
|
Este fim de
semana foi permeado por notícias de saques na Argentina, o que se mostrou como
surpreendente para muitas pessoas. Com grande foco na Europa e EUA, a situação do
vizinho portenho tem sido deixada de lado, porém é algo que deveríamos prestar
muito atenção.
A inflação argentina
não inspira nenhuma confiança há mais de 5 anos, onde somente os índices privados
tendem a ser levados em conta. Este é só um dos desastres do governo, o qual se
fixa no populismo peronista para tentar encobrir erros crassos de comando.
Como a crise de
2008 atingiu em cheio o país, Kischner buscou uma série de medidas heterodoxas
para tentar reaquecer a economia e proteger a indústria local. Entre elas estão
as de câmbio, que restringem remessas de lucros e dividendos, compra de divisa
como investimento pessoal e redução da oferta de dólares para viagens.
Para o governo,
isso reverteria a cultura de se poupar em moeda estrangeira e transferiria recursos à cadeia produtiva, porém o resultado foi uma disparada do câmbio
paralelo, elevando ainda mais o potencial inflacionário da divisa, mesmo que o
oficial seja controlado pelo governo.
Com um PIB que
depende quase 60% da pecuária, a qual tem seus preços dolarizados em
praticamente toda a cadeia, a desvalorização do Peso Argentino poderia se
traduzir como positiva, porém o contrário vem ocorrendo.
Foi baixada recentemente
uma forte taxação adicional de 14% sob a importação de bens de capital para
incentivar a indústria local, além de todas as restrições tributárias e
burocráticas às outras importações.
O resultado é o
desabastecimento. Farmácias não têm remédios em suas prateleiras, pois a
indústria não consegue importar insumos para sua produção. Faltam peças de
veículos automotores, eletro-eletrônicos, suplementos médicos e artigos
domésticos.
Essa redução na
oferta tem o fim mais óbvio da academia econômica, a inflação. Os preços estão altos
em toda a cadeia de consumo e isso se assemelha muito ao Brasil nos anos 80,
onde a economia não reagia e mesmo assim a inflação crescia a cada dia.
A pretensa proteção
à indústria local não só tem levado ao desabastecimento, mas também ao
fechamento de diversas empresas e elevando o desemprego, o qual subiu ao maior nível
desde 2010 (7,6%), segundo dados oficiais, obviamente.
Neste processo,
a Argentina elevou sua taxa de juros a 15,2% ao ano, criando mais um empecilho
ao crescimento, com a elevação dos custos de captação de recursos.
Houve um corte maciço
de investimentos públicos, o que restringiu o efeito dos gastos no aquecimento econômico
e reduziu os cortes de impostos e subsídios. A nacionalização dos fundos de pensões
privados foi outro tema polêmico, pois buscava garantir que os mesmos não ‘quebrassem’
para evitar um problema com as aposentadorias, porém o processo foi
excessivamente custoso e pesa cada vez mais no orçamento.
Não há surpresas.
A comoção social é clara e já toma as ruas, numa grande série de protestos que
o governo insiste em minimizar em força e dimensão. Mesmo com as restrições consideráveis
à liberdade de imprensa impostas no início deste ano, a insatisfação popular é
crescente em níveis alarmantes, o que pode ter deflagrado os saques deste fim
de semana.
Adiciona-se a
isso tudo a possibilidade de uma moratória técnica que foi temporariamente
afastada (até fevereiro de 2013), quando um tribunal de apelações de NY
suspendeu o pagamento de US$ 1,33 bilhão a dois fundos de investimento
especulativos das Ilhas Cayman que não aceitaram os termos da moratória de 2001
e demandavam os recursos agora.
Foram pagos há
10 dias US$ 3,5 bilhões a credores que aceitaram os termos das renegociações,
algo visto como positivo pelos investidores, porém a dívida externa argentina
saiu de US$ 116 bilhões em janeiro de 2010 para US$ 142 bilhões até a metade
deste ano.
A relação dívida/PIB
caiu de 58,7% para 44,2% afasta um novo cenário de moratória momentaneamente,
porém a deterioração econômica pode colocar a Argentina no mesmo nível dos países
europeus em crise: Sem perspectivas, com atividade econômica debilitada,
desemprego em alta e podendo em breve buscar auxílio internacional, caso o
orgulho portenho deixe.
Pois é, com
tanto problema no hemisfério norte, temos um grande logo aqui ao lado.
A última sessão da
semana foi marcada por uma elevação do volume e pequena queda, consequência do
temor dos investidores quanto ao abismo fiscal ainda sem solução em vista no
congresso americano.
A agenda
econômica tem como destaque a atividade econômica e dados do mercado
imobiliário dos EUA.
As bolsas na
Ásia operaram em alta, em especial com um rally no Nikkei. Os futuros das
bolsas em Nova York operam em alta, enquanto na Europa, os mercados à vista
registram a mesma oscilação.
Cenário de média
volatilidade! $$$$$